Quando o assunto é saúde mental de meninas autistas, ainda existe uma lacuna importante: ouvir o que elas têm a dizer. Um estudo recente conduzido por O’Connor e colaboradores (2023) buscou justamente isso — entender, a partir do olhar de adolescentes e mulheres autistas, quais fatores influenciam sua saúde mental.
E o que elas revelaram merece nossa atenção.
O que afeta a saúde mental?
As participantes destacaram que, muitas vezes, o sofrimento não vem do autismo em si, mas das exigências sociais de “parecer neurotípica”. Camuflar o autismo — ou seja, esconder comportamentos e forçar interações para se encaixar — foi apontado como uma das principais causas de esgotamento emocional, ansiedade e baixa autoestima.
Além disso, relataram dificuldades em serem levadas a sério por profissionais de saúde, o que contribui para diagnósticos tardios e intervenções inadequadas.
Fatores que ajudam
Por outro lado, sentir-se compreendida, encontrar espaços seguros para ser autêntica e contar com o apoio de pessoas que valorizam suas características foram apontados como fatores protetivos. Quando há aceitação, o sofrimento diminui e a saúde mental melhora.
Por que isso importa?
O estudo reforça a importância de escutar as próprias meninas e mulheres autistas. Muitas vezes, elas enfrentam uma trajetória solitária até receberem um diagnóstico ou apoio adequado — e o silenciamento das suas experiências agrava esse percurso.
Para pais e profissionais
Se você convive ou atende meninas autistas, aqui vai um lembrete essencial: aceite, escute e valorize. Evite forçá-las a se encaixar em padrões que as sufocam. Promova espaços em que elas possam ser quem são, com suas singularidades e ritmos.
Autenticidade não deveria custar a saúde mental.
Referência
O’Connor, R. A., Doherty, M., Ryan-Enright, T., & Gaynor, K. (2024). Perspectives of autistic adolescent girls and women on the determinants of their mental health and social and emotional well-being: a systematic review and thematic synthesis of lived experience. Autism, 28(4), 816-830.